8.6.17

DURMA SOZINHA, BRANCA DE NEVE


Então, eu não me lembro dos nomes, vou dizer que eram seis caras, sete comigo, e uma moça. Era o fim de semana da Branca de Neve e dos sete anões. Um amigo meu me convidou para passar o fds numa casa enorme em Campinas, tipo meio do mato, e com piscina. Haveriam outros gays lá. Pra mim tava ótimo, eu finalmente ficaria num ambiente com outros homossexuais, precisava me homossocializar, não sabia nada sobre o meio gay.

PRIMEIRA NOITE
Todo mundo na piscina, bebendo e brincando. A Branca de Neve e o Dunga estavam sozinhos num canto, um heterocasal no meio de tantos gays (dois bonitões, dois feinhos). São nove horas, ou seja, já estou com sono. Eles me deram um quarto só meu, pequeno, mas só meu. A escuridão era absoluta, do jeito que eu gosto. Acordei com o barulho da porta se fechando, alguém entrou no meu quarto e se deitou ao meu lado, e esse alguém não estava com sono. Não trocamos nenhuma palavra, eu não pedi satisfações, a boca do cara parecia um aspirador de pó, eu não queria mesmo interromper aquilo. No fim, ele foi embora. Nem cheguei a ver seu rosto.

No dia seguinte resolvi bancar o detetive. O carinha hétero, o Dunga? Não. Meu amigo, o Soneca? Acho que não. Tem dois caras bonitões, que tal? Ou ... eca eca eca. Ninguém me olhou diferente, ninguém dizia nada, todo mundo agia normalmente. 
Um dos bonitões, o Dengoso, queria ir ao cinema. Eu fui com ele. ''Forrest Gump'' ainda tava em cartaz. Eu já havia visto o filme na semana anterior. O Dengoso quis se sentar no fundo do cinema. Ah, claro que rolou pegação (só fiz isso porque o filme era repetido). Entre um beijo e outro, resolvi perguntar:

- Foi você quem entrou no meu quarto ontem a noite?
Ele disse que não.

SEGUNDA NOITE
Na cama, na mesma hora de sempre. Mas sem sono. Atento aos sons lá fora. Meu visitante noturno foi rápido desta vez, o restante do pessoal ainda estava acordado. Ok, vamos lá, segunda rodada. Aí notei que algo estava diferente. O cabelo, o peito peludo, o cheiro ... era outro cara. Fiquei com vontade de acender a luz e mandar o sujeito embora, isso já havia ido longe demais. Mas resolvi ser educado, era só uma brincadeira, certo?
Ele também deixou o quarto sem falar comigo. Não vi quem era. Pelo tato até tentei adivinhar, poderia ter sido o Feliz ou o Mestre.

VOLTA PRA CASA

No carro do meu amigo:
- Sabe quem entrou no meu quarto na primeira noite?
- Não sei não.
- E na segunda noite?
- O quê? Hahahahaha, nossa. Não sei não. Ahahaha. Pode ter sido o Dunga.
- Hein? Ele não dormiu no mesmo quarto que a Branca de Neve?
- Não, ela dorme sozinha num quarto com banheiro. Por que dormiria com ele? Ahahaha, você não viu o rosto de ninguém? Hahaha.

Não gostei dessa risada. Eu tava me sentindo sujo, um pedaço de carne, um objeto. Em algum lugar, dois caras estavam rindo de mim. E eu estava me sentindo muito muito Zangado.

3 comentários:

Leonardo disse...

Tava com saudade dos relatos <3
Pergunta básica: quer dizer que o cara da primeira noite, o cara da segunda noite e o cara do cinema eram completamente diferentes? Caramba :v

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

se eram todos diferentes ... até hoje eu não sei

Kayo Ewing disse...

Geeente que mistério! rsrs