30.7.14

ABUSO DE MAIORES


E aí, o meu pai me disse que um amigo dele tinha uma cadela que estava no cio naquele momento. Colocamos nosso cão no carro e o levamos até lá. Eu já estava pensando nos filhotinhos, mas quando a gente chegou, eu só conseguia pensar em sexo.
O amigo do meu pai parecia o Tom fucking Magnum Selleck (sim, eu tive um momento Monica Geller). Quando ele me cumprimentou e sorriu, meu radar disparou, já vi esse sorriso antes, ele gostou de mim. Deixamos os dogs brincando no quintal e entramos na casa. Meu pai não queria ficar lá, ele queria ir até a taberna no Moe, ele bebia muito naquela época. Mas eu disse que queria ficar com o cachorro, e o Tom Selleck disse pro meu pai que nós poderíamos ver um filme enquanto os cães estão, bem, se conhecendo melhor.
Meu pai pegou o carro e se mandou. Me sentei no sofá e o Tom colocou uma fita no vídeo. Ah não, ''Gandhi''??? Quem é que tem paciência para Gandhi?
Tudo bem, não precisamos ver o filme. Daqui a pouco a gente vai estar se agarrando neste sofá. Longos minutos se passaram, e ele não havia feito nenhuma investida. Eu estava muito nervoso, ele devia ser trinta anos mais velho que eu e era eu quem deveria fazer todo o trabalho? Eu tenho que seduzir a senhora Robinson? E ele era uma senhora Robinson muito tímida. Estava na hora de diminuir o espaço entre nós no sofá. Abri as pernas, mas ainda faltavam alguns malditos centímetros para que nossos joelhos se tocassem.
Ok, próximo movimento. Uma espreguiçada. Um braço pra lá, uma torcida no pescoço e uma coçadinha nas partes íntimas. Tudo bem, isso faz parte de uma espreguiçada básica do indivíduo masculino, é normal. Pelo canto do olho vi que ele seguiu meus movimentos, mas, voltou sua atenção para o filme.
Isso vai levar o dia todo. Tenho quinze anos, quase um idoso, não posso esperar tanto. Certo, se ele não quer nada, fazer o quê? Voltei minha atenção para o filme e ...
Opa, por quanto tempo eu dormi? Respirei fundo, me espreguicei, de verdade, e dei uma coçadinha lá na região, de verdade, nem notei que havia feito isso.
Mas ele notou.
- Coçando muito?
- É ... estão crescendo alguns pelinhos, eu disse.
- Posso ver? - ele perguntou.
Antes que eu fizesse algum movimento, meu pai apareceu. Esta é a história da minha vida, ele sempre aparece na hora errada. Essa foi a primeira vez, a última foi no ano passado (2013). 
- Vamos embora - ele disse
- Eu quero ver o resto do filme - eu disse.
Sem chances.
A cadela não engravidou, os dogs não fizeram nada (ninguém se divertiu naquele dia). Eu queria voltar pra lá, e dizia pro meu pai pra ele dar outra chance pro casal. E ele dizia que o amigo havia se enganado, a cadela não estava no cio afinal.
Foda-se a cadela, eu vou te mostrar quem é que está no cio!
Não consegui pensar em outras desculpas e nunca mais voltei pra casa do Magnum. Eu poderia fazer uma tentativa hoje, poderia conseguir o nome e o endereço mas, caramba, será que ele ainda tá vivo?

10 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

And here's to you, Mrs Robinson,
Jesus loves you more than you will know. (Wo wo wo)

God bless you please, Mrs Robinson,
Heaven holds a place for those who pray
(Hey hey hey)

Anônimo disse...

Ale, será que o seu pai não sacava desde daquela época?

Anônimo disse...

"Sim, eu tive um momento Mônica Geller" Kkkkkkk Muito bom! Pô, frustrante, hein?!

ac.ac.

José Paulo Herreira Bueno disse...

Ui... Molhei! Hehe

Raul disse...

"será que ele ainda tá vivo?" , puxa, essa doeu né?
Coitado!

Mike disse...

Tá de sacanagem, Alessandro?! Caraca! Isso parece um conto erótico! Bem, pelo menos até o teu pai cortar o barato.
Agora vou ficar elucubrando o restante da história!!!!

Luiz Fernando disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Delicia de historia!!
"Foda-se a cadela, eu vou te mostrar quem é que está no cio!" é a melhor parte!!!

Deco disse...

Cara, descobri seu blog tem dois dias. Gostei. Já publicou os contos ou pensou em publicar? Se sim, diz onde se encontra. PS: também gosto de cinema, homens....pipoca, nem tanto.

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

publicar? acho que não conheço nenhuma editora que se interessaria por histórias desse tipo...

Deco disse...

Deve haver alguma, algumas, várias. Motivo: texto limpo, direto, prazeroso; suas descrições são palpáveis, monta-se a sequencia; leve, divertido, faz rir. E o melhor há identificação. Há muito tempo não varava a noite lendo histórias na tela, maratona. Me superei, sou do bom e velho e bom papel branco encardido e ligeiramente rugoso. Imagina tudo isso numa encadernação, que seja, capa dura, para levar pra cama?