22.7.11

O HAWAII NÃO É AQUI

Nada de brincos, nada de roupas de couro preto, nada de tatuagens. Nunca fui um metaleiro de carteirinha. Eu era uma das poucas "pessoas normais" que se davam bem com a Aletéia por um bom motivo. A gente tinha o mesmo gosto musical. Guns n' roses, Iron Maiden e afins. E também o mesmo desgosto musical: os engenheiros do Hawaii. Ainda se podia ouvir as pessoas cantando por aí "era um garoto que, como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones", dez em cada dez bandas de garagem faziam um cover, era insuportável. A gente também não morria de amores pelo "o papa é pop". Aí pintou a moda do cabelo e da barba "mamãe sou o vocalista da banda".
Havia esse cara que era um clone do tal vocalista, loiro, cabelo, barba, etc. Se você não o reconheceu... tudo bem, ele sempre usava uma camisa com a maldita banda estampada na frente para sanar qualquer dúvida. Ele era um dos vários sócios da locadora que estava atrás de VELOCIDADE MÁXIMA.
Um lançamento com poucas cópias disponíveis, estava gerando brigas. O patrão achava que seria injusto fazer uma "lista de espera". Tinha gente que ficava na locadora até a hora de fechar, esperando o filme ser devolvido. O engenheiro cabeludo do Hawaii fazia isso, montava sua barraca dentro da loja. A cada 10 minutos chamava por alguém no balcão e perguntava se o filme já havia chegado. Ele estava tirando a gente do sério, principalmente a Aletéia. Eu não ligava muito, quando ele sentava no chão eu podia ver um pedaço bem interessante de sua cueca através do jeans rasgado. Aletéia fez um juramento ao deus do rock, o cabeludo do Hawaii nunca veria "velocidade máxima" se dependesse dela, bem, na verdade ela ordenou barra proibiu a Juliana e eu de ajudarmos o cara também.
Numa noite de sexta, locadora cheia de gente, o filme certamente daria as caras, era uma questão de "o primeiro que botar as mãos na fita, leva pra casa". Havia esse pessoal que ficava pendurado no balcão olhando para todos os filmes que estavam saindo e sendo devolvidos, tentando fazer um acordo com a gente, ou com a pessoa que pegou o filme.
Naquela semana o cabeludo cometeu um erro mortal: olhar para a Aletéia e pensar "eu acho que ela gosta de mim". Eu não sei como algumas pessoas conseguem confundir o olhar assassino da Téia com o olhar amoroso, que nem sequer existe. Mas, naquela época, todas as meninas estavam apaixonadas por cabeludos, por que a Téia seria diferente? Ah, ela era diferente, mas ele não enxergava isso.
Na noite de sexta, o cara entrou na locadora com um violão!
Sentou no chão, e começou a afinar as cordas, ele ia cantar, ó céus ele ia mesmo cantar!
Téia arregalou os olhos, meteu a mão no bolso da jaqueta e puxou seu canivete.

Continua...

5 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

E aconteceu,
no começo do ano notei que minha velha video locadora havia abandonado o antigo prédio
e se mudado para um outro lugar bem menor, a poucos quarteirões dali.
Hoje pela manhã, passei na frente do local e vi que ele estava abandonado.
Depois de 24 anos, e de mudar de mãos várias vezes, ela finalmente encerrou as atividades...

Anônimo disse...

Triste é ter que esperar a continuação...

Rachei de rir.

(Pelo amor... Vc tem q reencontrar Aletéia...)



t.

Juan Pablo disse...

gente!!!
Eu sou apaixonado pela Aleteia!!!
Ela é maraviwonderfull!!!
Termina logo a historia!!!
Beijos!!!

Marcelo Doni disse...

Continua!!!!!!!!!Continua""""""""""

Ztav disse...

Engenheiros do Hawaii (e Pouca Vogal) ficam em segundo lugar das minhas bandas de 'rock' nacional mais odiado. D=

Fica só atrás de Barão Vermelho/Frejat/Cazuza, e logo a frente de Jota Quest.

Se eu trabalhasse lá, de mim ele também não alugaria nada. AUSHDUAHUDHUAH